Yearly Archives - 2015

Com nove livros publicados a nível internacional e mais de vinte anos de experiência em Reiki, Johnny De’Carli é uma das principais referências mundiais do método desenvolvido por Mikao Usui no início do século XX.

Em entrevista exclusiva ao Reiki Studio Porto, o professor, autor e investigador fala-nos sobre o seu percurso e a sua visão sobre o Reiki, hoje e no futuro.

Quando contactou com o Reiki pela primeira vez?

Comecei a estudar Engenharia Agronômica, em 1978, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde me interessei, desde o primeiro momento, pelas plantas medicinais (Fitoterapia).

No ano de 1980, durante as férias escolares, em Brasília, motivado por minha curiosidade, num shopping, fiz minha primeira fotografia Kirlian (bioeletrografia de nosso campo eletromagnético), que me despertou muito interesse, por esse assunto tão misterioso.

Em 1982, já formado, comprei, das mãos do saudoso Prof. Newton Milhomens, a minha primeira Máquina Kirlian (Câmara Bioeletrográfica).

Como vivia no Rio de Janeiro, uma cidade turística, sem tradição agrícola, tive que procurar trabalho fora. Naquela época não havia Internet. Enviei meu currículo, em papel, pelos Correios, para dezenas de empresas agropecuárias.

Fui convidado para trabalhar em apenas uma, no interior do Estado Amazonas, em plena selva amazônica, a Agropecuária Porto Alegre Ltda., situada no km 70 da rodovia Br. 174 (na época de terra batida), que liga Manaus à Venezuela.

Lá, volta e meia alguém ficava doente, existiam muitos tipos de doenças tropicais, quase não havia médicos e hospitais, as pessoas enfermas tinham que recorrer à milenar medicina indígena dos Pajés (xamãs brasileiros), aliás, muito eficiente, mas totalmente diferente do que víamos nas grandes cidades.

Durante nove anos que vivi no Amazonas, aumentou o meu interesse pelo poder terapêutico das plantas, a Fitoterapia. Passado esse período estive em Londres, participando de um curso de Florais de Bach (terapias através da energia das flores, desenvolvido pelo médico inglês Edward Bach).

Iniciei o meu trabalho como Terapeuta Holístico, no ano de 1991, na Cidade de Poços de Caldas – MG. Nesse ano, abri meu primeiro espaço terapêutico, onde comecei a trabalhar com as Fotos Kirlian (Bioeletrografias) e os Florais de Bach.

O Reiki apareceu logo em seguida, em 1993, como consequência de minha busca, aos 32 anos de idade, em Poços de Caldas – MG.

Em que momento percebeu que era esta a área que queria seguir?

Como Terapeuta Holístico (Fotos Kirlian/Bioeletrigrafias e Florais de Bach), já atendia um grande número de pessoas diariamente, muitas vezes me sentia desvitalizado.

A fim de repor as energias “vampirizadas” nos atendimentos terapêuticos, fui recomendado, por uma amiga médica, a fazer o seminário de Nível 1 do Reiki, com a Mestre Claudete França, primeira Mestre de Reiki brasileira.

Com a autorização da Mestre, acabei fazendo também o Nível 2, no dia seguinte, um domingo. No primeiro momento estava bastante cético. O interesse surgiu após a observação dos resultados obtidos em duas questões pessoais: insônia e má digestão.

Em 1986, após o nascimento de Juliana, minha primeira filha, quando recebi o primeiro sorriso dela, tudo mudou para mim. Juliana foi um “gatilho” em minha vida. Iniciei uma busca visando uma reforma íntima. Buscava me tornar uma referência, um espelho para ela.

Minha filha foi o “marco divisor”. Nesse “caminho” encontrei o Reiki e hoje me sinto um ser humano mais amoroso, humilde e tolerante.

O que mais o apaixona na prática do Reiki?

O importante é ser feliz. Ninguém é feliz sem saúde. Sem saúde não vamos a lugar nenhum, não estudamos, não trabalhamos, não crescemos e reproduzimos.

Também, uma sociedade melhor só se consolida com boas “células” de famílias estruturadas. Essas são minhas prioridades: a saúde física, emocional, mental, espiritual e a família unida, em paz. O Reiki me proporciona tudo isso.

Hoje em dia existem diferentes sistemas e visões do Reiki, o que pode gerar alguma confusão. Com base no seu percurso, como descreve o Reiki actualmente?

Todo Reikiano, independente do sistema, faz uso do mesmo tipo de energia. A técnica Reiki utiliza-se de energia primordial, da qual todo o Universo é constituído. É essa energia original de tudo e de todos os seres que captamos e veiculamos após a iniciação (sintonização).

Atualmente, o ensino do Reiki não é mais padronizado. Pelo fato de não existir nenhum tipo de controle sobre as atividades dos professores, cada um é responsável por sua própria didática e prática. Isso criou formas diversas de ensinamento nos diferentes países.

Segundo a sua experiência, o que deve esperar uma pessoa que experimente um tratamento de Reiki pela primeira vez?

No primeiro momento 90% dos receptores de Reiki reagem com desconfiança. Começam a acreditar a partir do momento que observam e sentem as mudanças positivas em suas vidas.

Geralmente, ao receber uma aplicação de energia Reiki, o corpo do receptor relaxa e o batimento cardíaco atinge o seu nível de repouso, assim como diminui a frequência respiratória. Alguns receptores se sentem como que acordando depois de uma noite longa de sono.

Que conselhos daria a uma pessoa que quisesse iniciar o seu percurso como praticante de Reiki?

O importante é se ater a essência. A cada dia, sem exceção, procurar se aproximar dos 5 Princípios do Reiki (“Só por hoje, não sentirei raiva”; “Só por hoje, não me preocuparei”; “Só por hoje, serei grato por todas as minhas bênçãos”; “Só por hoje, farei o meu trabalho com amor e honestamente” e “Só por hoje, serei gentil com todos as criaturas vivas”.).

Os Princípios do Reiki são a base de minha filosofia de vida.

O que distingue, na sua opinião, um bom profissional de Reiki, Terapeuta ou Professor?

Muitos imaginam que recebendo a iniciação no Nível 3-B (Mestrado de Reiki) já se tornaria um bom profissional de Reiki, terapeuta ou professor.

Ocorre que uma iniciação não é “formatura”, não é o final, é exatamente o inverso, é o primeiro passo rumo ao verdadeiro conhecimento do “Caminho do Reiki” (Reiki-Dô).

Uma pessoa sem vivência, sem maturidade, sem conhecimento técnico e dotada de bons costumes, não pode e não deve ser considerada um bom reikiano ou Mestre de Reiki.

Que futuro vê para o Reiki?

Dirigimos-nos, sem dúvidas, para um planeta melhor, sem egoísmo e orgulho. Para se preparar para essa nova realidade, cada um deve, urgentemente, encontrar um “caminho” evolutivo de reforma íntima e modificação da consciência. Para mim esse “caminho” foi o Reiki. Percebi que o Reiki pode transformar as pessoas e o Mundo.

Haverá época em que a humanidade se unirá, como já o fez em outras eras, na medicina, na ciência e na religião. Sem dúvida, o método Reiki terá grande importância para que a humanidade alcance sua plenitude.

Disse Albert Einstein: “A religião do futuro será cósmica e transcenderá um deus pessoal, evitando os dogmas e a Teologia”. Reiki é luz que nos leva de volta à ‘Grande Luz’.

Escreveu vários livros de referência sobre o Reiki. Consegue eleger a sua obra preferida? Qual é e porquê?

Sim, o “Reiki Universal”. Esse livro, em 2015, chegou no Brasil na 14º edição, na Espanha na 30º edição e em Portugal na 3º edição, foi escrito a mão, a lápis, numa época em que poucos tinham computador. Colocou muita gente no “Caminho do Reiki”, com mais de 150 mil exemplares vendidos no Mundo.

Com muita alegria, escrevi nove livros sobre o tema Reiki, são eles: ‘Reiki Universal’‘Reiki, A Terapia do 3º Milênio’‘Reiki, Amor, Saúde e Transformação’‘Reiki, Sistema Tradicional Japonês’‘Reiki Para Crianças’‘Reiki, Os Poemas Recomendados por Mikao Usui’‘Reiki, Apostilas Oficiais’‘Reiki, Como Filosofia de Vida’  e o último lançamento denominado ‘Tarô do Reiki’.

Sinto-me feliz, realizado e gratificado com ele.

No dia em que se celebram os 150 anos de Mikao Usui, convidámos autores de referência a nível internacional a revelarem as perguntas que gostariam de colocar ao fundador do Reiki.

Todos temos alguém que já partiu e que admiramos profundamente, a quem gostaríamos de fazer uma pergunta, mesmo sabendo que isso não é possível.

Essa é a semente desta pequena homenagem a Usui Sensei, no dia do seu aniversário, e aos autores e investigadores que se dedicam a preservar e honrar o seu legado.

Se um novo praticante tem imensas perguntas para colocar ao fundador do Reiki, o que gostariam de lhe perguntar aqueles que conhecem e estudam a sua vida e o seu trabalho e que se dedicam há várias décadas à prática e ao ensino do Reiki?

Pamela Miles, Mestre de Reiki, autora e investigadora com mais de duas décadas de experiência e pioneira no desenvolvimento da cooperação entre o Reiki e a Medicina, diz que “eu simplesmente faria «pranam» e diria: Obrigada” e resume a sua gratidão e admiração pelo legado de Mikao Usui em apenas uma pergunta:

 “Podemos praticar juntos?”

James Deacon, Mestre de Reiki, autor e ávido investigador, reflete que “de certeza que existe uma miríade de perguntas que as pessoas gostariam de perguntar a Usui Sensei. Questões como: como posso melhorar a minha prática? Porque escolheu o termo Reiki para descrever o fenómeno que experimentou no monte Kurama? Como é que eu não me zango? Como posso aprofundar o meu sentimento de compaixão? Pode, por favor, tratar-me, ensinar-me, dar-me Reiju? E etc.”.

“No passado, talvez, eu teria muita dificuldade em decidir que questão ou questões perguntar. Contudo, hoje parece-me simples”, conclui, e esta foi a pergunta que escolheu:

“Sensei, obrigada pela maravilhosa, profunda dádiva que partilhou connosco; o que podemos fazer por si em troca?”

João Magalhães, Mestre de Reiki, autor e Presidente da Associação Portuguesa de Reiki, por seu turno, gostaria de perguntar a Mikao Usui:

“Como aprender Reiki? Como ensinar Reiki?”

A justificação é simples na forma e profunda no significado, tal como as perguntas que apresenta: “Estas podem parecer questões demasiado óbvias, com respostas demasiado óbvias mas, receber a instrução sobre as mesmas do Mestre Mikao Usui faz toda a diferença”, explica.

Sílvia Oliveira, Mestre de Reiki, Terapeuta, autora e membro fundador da Associação Portuguesa de Reiki, revela-nos que “a  Mikao Usui perguntava aquilo que pergunto sempre que me surge uma dúvida”, ou seja:

“Podes ensinar-me?”

Johnny De’Carli, Mestre de Reiki, autor e investigador de referência, transporta Mikao Usui para a realidade do ensino e da prática do Reiki no presente, colocando-lhe duas questões. Eis a primeira:

“Como vê a rivalidade que se observa entre diferentes escolas, sistemas e mestres de Reiki?”

A razão desta pergunta é, segundo o autor, “uma triste realidade que se observa em vários países”, porque “as pessoas possuem interesses conflitantes, principalmente econômicos. E nesse caso não há razão que prevaleça, a insanidade domina e vem a rivalidade. A competição é apenas um aspeto das imaginações negativas, não deveria existir no método Reiki. Afinal, somos todos Um.”

Johnny De’Carli apresenta uma possível resposta de Usui Sensei a esta pergunta, sob a forma de um poema do Imperador Meiji, “Maneira Correta de Pensar”: “Para mim, além dos mares, e em todas as/direções, todos os seres humanos são irmãos./Qual é, então, o sentido da guerra/em nosso mundo?”.

“Penso que o Mestre Mikao Usui seguramente selecionou esse poema em respeito ao Princípio do Reiki «Só por hoje, seja gentil com todas as criaturas vivas». Ser gentil é saber viver em harmonia com os seus semelhantes. Com certeza o Mestre Usui desejava a paz entre os Reikianos e toda a humanidade”, conclui. A sua segunda pergunta é a seguinte:

“Como vê a pressa que alguns têm em aprender o Reiki?”

Esta é, segundo o autor, “uma realidade que se observa entre os novos alunos de Reiki”. “Estar no caminho do Reiki é mais importante do que a pressa. O aprendizado do Reiki obedece a um ritmo que deve ser respeitado, não adianta querer se apressar. Mesmo no Reiki, é necessário aprender a aprender. Nas coisas espirituais, só aquilo que demora nos inicia. Não podemos pular etapas, precisamos de cada uma delas, mesmo aquelas que achamos de menor valor no momento”, sublinha.

“A pressa é a grande inimiga da perfeição e do aprofundamento. Com ela, corremos o risco de ficarmos na superfície e não encontrarmos o verdadeiro conhecimento”, afirma, apontando como sugestão de resposta de Usui Sensei e ponto de reflexão o poema “Vaca”: “A vaca não tropeça porque não se apressa,/inclusive quando a carroça leva mais peso/do que ela pode suportar.”

Penelope Quest, Mestre de Reiki, investigadora, autora, ex-Vice-Presidente e Coordenadora para a Educação da Federação de Reiki Britânica, apresenta duas perguntas para Mikao Usui, começando por um aspeto da sua prática:

“Porque incluiu técnicas de limpeza energética e de meditação na sua prática?”

Segundo nos revela, “Quando aprendi Reiki inicialmente em 1991, não havia nenhuma referência à limpeza, além de lavar as mãos antes de tratar os clientes, o que parecia uma coisa lógica para se ter de fazer! Contudo, desde que estudei as técnicas japonesas em 2000 e 2003, tenho ensinado os meus alunos a usarem técnicas de limpeza energética como a Chuva de Reiki e técnicas de limpeza e meditação como o Hatsurei-ho, para praticarem antes e depois de tratarem clientes (e quando se tratam a si mesmos, se o desejarem)”.

Para Penelope Quest, “é evidente que Usui tinha um excelente conhecimento da energia, uma vez que era perito em artes marciais, por isso, ainda que não usasse a ideia do sistema de chakras, que provém da Índia, não do Japão, ele provavelmente avaliava a energia dos seus clientes ao sentir a energia nos três pontos tandem, nas áreas do umbigo, coração e testa”.

Já a meditação, “teria sido provavelmente incluída porque Usui via o Reiki (ou o que chamamos de energia Reiki) como uma disciplina espiritual, não apenas como uma modalidade terapêutica”. A segunda questão de Penelope Quest refere-se à forma como o Reiki tem evoluído:

“O que pensa de todas as diferentes formas de Reiki que têm surgido nos últimos 25 anos ou mais?”

Segundo nos explica, “sinto que o Reiki em qualquer forma é uma energia de cura positiva, mas tenho noção de que outros membros da comunidade do Reiki não partilham desta opinião, por isso estaria interessada em saber a sua opinião sobre este assunto”.

Mesmo sem as respostas de Mikao Usui, estas perguntas encerram em si a sabedoria do conhecimento e da experiência, constituindo um foco de reflexão e de aprendizagem para todos os praticantes.

Neste dia de celebração, também nós somos profundamente gratos pela dádiva que Mikao Usui nos legou, pelo que terminamos com uma simples palavra:

Obrigada.

 

A Pamela Miles, James Deacon, Johnny De’Carli, João Magalhães, Sílvia Oliveira e Penelope Quest, a nossa profunda gratidão pela colaboração neste artigo e por aceitarem fazer parte desta homenagem a Usui Sensei.

 

 

 

Créditos: Reiki Studio Porto.

 

 

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